sábado, 5 de maio de 2012

O Final da Estação


“Foi o fim das minhas estações, eu olhei para cima e o vi tentar uma aproximação. Iria me tocar pela ultima vez, eu poderia aproveitar aquele ultimo beijo de piedade, então se aproximou. Eu não sabia se queria ou não estar ali, por um erro de proporções me beijou no canto da boca. Me disse então com a voz travada, sobre o tempo que estávamos sem estar juntos. Não tive resposta.
Pensei em dizer sobre a cor do esmalte que ele odiava, que meu cabelo cai no outono. Pensei em dizer qualquer clichê das novelas dramáticas sobre casos como o nosso, pensei até em fazer uma citação de qualquer autor importante, que transmitisse uma imagem sem dó do que sentíamos, pensei nos momentos nossos em que nunca soube se eram verdadeiros ou apenas um jogo. Pensei somente em beijá-lo, em sentir tua boca na minha, sentir teu gosto, o teu perfume que me embriaga. Pensei em passar a mão despercebidamente por seu cabelo. Pensei em cruzar os teus dedos nos meus, só em caso de desabar daquele degrau.Pensei em te dizer que você estragou tudo quando sorriu pela primeira vez sinceramente entre um beijo e um abraço, que você estragou tudo quando me pediu para ficar mais um pouco, que você simplesmente fodeu com o caso todo. Pensei em o puxar pelo braço e depois de um beijo confessar que o odeio. Pensei em contar que meu coração sempre sofre uma batida em falso quando você chega, mas que depois passa. De como éramos dois em uma semana, na outra éramos metade, no outro mês éramos sobras. Por uma fração de segundos, só pensei. Não disse uma palavra. Meus olhos me denunciaram e você rindo de mim me puxou e me beijou pela ultima vez, me beijou como se o mundo fosse acabar no segundo seguinte. Mas não acabou, então me beijou de novo, de novo e de novo, como se implorasse pelo fim do mundo após nossos beijos.
Os meus casos se resumem em pedaços do tempo e eu nunca sei alcançar o infinito. Por vezes pensei que sim. Mas lá vamos nós de novo. Condenados ao esconderijo de quem não aprendeu a viver debaixo do calor do sol. Marcados pra cair do lado errado. Humanamente quebrados porque existir não nos dá o direito de um amor eterno.
Eu nasci com uma estaca cravada no peito, no ponto certo para morrer.

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