"Foi de manhã, uma manhã como outra qualquer, pobre ingenuidade de pensamento solto, largado, rasgado como folha de papel, como corpo cansado sobre os lençóis.
Foi de manhã, o amanhecer mais lindo que poderia querer um dia arquivar em meus pensamentos. Foi de manhã, quando ao longe senti seu perfume cada vez mais perto, como uma presença mística além desse plano.
Estática com os pés fincados no chão, não ousei olhar para trás ou para os lados, espiando de qual direção você se aproximava, fiquei apenas sentindo seu perfume cada vez mais perto, sentindo a brisa me arrepiar a pele, coração tercinado.Sua aura prateada tocou na minha antes mesmo de suas mãos cuidadosamente tocarem meus ombros, seus lábios sussurrarem a frase mais doce que já ouvi.
Me virei lentamente para me fincar em seus olhos, olhos doces e firmes, de quem viveu muitas outras vidas, olhos de quem lembra de todas elas.Suspirei como se uma eterna espera tivesse chego ao fim, como se tudo que fiz nessa e em outras vidas fossem para chegar nesse momento.Colocou a mão sobre meu coração como sempre fez, rindo por estar pulsando em frevo, disse que o meu ritmava e o seu nos dava a melodia, você sempre me deu a melodia mais linda que tivesse guardada no bolso.
Contei sobre cada dia do mês, perguntei no fim de cada frase o porquê demorou tanto, o motivo de ter parecido uma vida inteira e você com o sorriso mais lindo do universo pousou as mãos sobre meu rosto e disse que para cada segundo que ficou longe uma vida nos aguardava, chorei como uma criança em seus braços, “era a saudade” eu te dizia entre cada lágrima, me sentia perdida sem seus braços que me guiavam por cada travessia.
Foi de manhã que o amor me sussurrou a vida nos ouvidos."